sábado, 13 de dezembro de 2008

SIMPLISMO SEM CÉREBRO ou A LETRA DE TORTURA DA DORSAL ATLÂNTICA



“Ricardo Franzin (Revista Rock Brigade) –
Teve alguma vez em que você foi interpretado
corretamente? Alguma vez alguém leu um negócio
que você escreveu e entendeu [risos]?
CARLOS LOPES – Nunca [mais risos]. Impressionante, né?”





Meu estimado amigo Jean Marie me faz a seguinte provocação: “Que história é essa de você dizer que a música ‘Tortura’ foi chupada do Glauco Mattoso?”. Daqui a pouco a resposta Monsenhor Jean Marie.

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Antes vamos a uma pequena digressão que tornará possível a compreensão do título acima.

Em entrevista concedida à Revista Rock Brigade publicada na edição nº 229 (08/2005) cuja íntegra está disponível aqui além da sem cerimônia com que o entrevistado faz a si mesmo os mais rasgados elogios, podemos extrair do seu “pensamento” a seguinte máxima: o simplismo com que uma letra de rock relê um livro é resultado da ação de um descerebrado.

Os juristas chamam isso de ratio decidendi, razão sobre a qual se fundamenta a decisão e de onde se extrai uma regra que deve ser aplicada a todas as situações semelhantes submetidas ao crivo do Judiciário, sacou? Mas como isso não é um tratado sobre jurisprudência nada de ocupar espaço com obter dictum.

Afinal de onde foi extraída essa máxima você me pergunta Jean Marie? Do trecho da referida entrevista no qual nos diz Carlos Lopes que “quando eu ouvia Led Zeppelin, eu nunca ia imaginar que tinha coisas que eles tinham lido do Tolkien, nunca ia passar pela minha cabeça. Nunca ia imaginar que certas coisas o cara lê, é um livro maravilhoso, e relê de uma forma até rasteira. Porque letra de banda é uma coisa rasteira, uma coisa sem profundidade. ‘O templo do dragão, aí o cavaleiro levantou a espada, enfiou no rabo do dragão [risos]...’ Aí, o cara fala: ‘Eu li Tolkien e essa é a minha tradução de Tolkien’. Puta que o pariu, entendeu? Isso é ser muito sem cérebro, o cara é descerebrado”, pois “existe um simplismo nas coisas.”

É claro que o Carlos Lopes se isenta dessa regra, pois acredita que “o discernimento que eu (ele) tenho (tem)” o impediria de cometer tal desatino.

Ocorre que um pensamento só é válido quando pode ser universalizado. Se uma regra é criada, ou todos se submetem a ela ou não é regra. E se não é regra, não passa de um conjunto de palavras vazias. Não há letra “c” para esta questão. Ou uma. Ou outra.

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Resolvi testar a máxima do Carlos Lopes na sua própria obra, para verificar se ele tem ou não razão ao identificar simplismo descerebrado nas letras de rock que “traduzem” livros.

Para tanto escolhi a letra de Tortura, do álbum Dividir e Conquistar, óbvia “tradução” (o termo é empregado no sentido que Carlos Lopes dá a esta palavra) do livro de bolso “O que é Tortura?” do Glauco Mattoso, que faz parte da coleção Primeiros Passos da Nova Cultural/Brasiliense.

Letra De Tortura

1ª. estrofe
Culpa, capuz, oficina, nudez
Terror, sessão, porrada, sevícia
Pensou em Deus, na mulher, nos filhos
Ninguém vem, ninguém sabe

Comecemos a leitura.

Lembrando que vamos procurar algo com relação específica a primeira estrofe. Não se relacionando a ela, iremos ignorar.

O livro começa na página 7 (Antecâmara). E até a página 11 não há qualquer indício de simplismo descerebrado.

Na página 12 encontramos algumas passagens que me causaram a impressão de que a primeira estrofe é um fichamento de livro, tal qual é feito quando se coleta dados para estudo. Vejamos: “Para que o ambiente seja estranho ao máximo, é preciso que você não saiba exatamente onde está.” (pág. 12) “(...) às vezes até durante a sessão, às vezes só até chegar à oficina.” (pág. 12) “Chegamos então à oficina, isto é, o local de trabalho.” (pág. 12) O mesmo ocorre com as duas páginas seguintes: “Já pôs seu capuz? Claro, e cobrindo o que estava descoberto, automaticamente você terá que despir o que estava vestido. A nudez é o segundo fator comum.” (pág. 13) "O mero ato de mostrar a você toda a parafernália de ferramentas levava o nome de territio, isto é, apavoramento.” (pág. 14) “Entretanto, ninguém quer acabar com você. Isto é só o começo, mas nos depoimentos vai aparecer sob a denominação genérica de ‘espancamento’ ou ‘sevícias’ (...)”

Palavras foram pinçadas aqui e ali. Nada que vincule a tortura do Carlos à do Glauco. Será que estou forçando a mão ao tentar vincular torturas de diferentes graus de eficácia? Afinal houve ou não com a Tortura da Dorsal o mesmo fenômeno do “simplismo descerebrado” detectado pelo Carlão no Led Zeppelin?

Somente os próximos capítulos da nossa eletrizante aventura intelectual (Ha! Ha! Ha! Royalties para Hélio Fernandes) poderá esclarecer essa dúvida.

2ª. estrofe
Todos que suportaram a tortura mentem
E os que não puderam suportar mentem também
O medo da dor é mais forte que a própria dor
Tortura não passa de um ato sexual

Ih! Aqui a coisa começa a ficar feia para o entrevistado. Se não, vejamos:

Nas páginas 07/08 lemos a frase do jurista latino Hugo Grotius “os que suportaram a tortura mentem, e os que não puderam suportá-la mentem também.” Bem parecidinha com os versos do nosso poeta, não é mesmo?

No entanto, não paremos por aí. Vamos seguindo na leitura do livrinho do Glauco. Epa! Mas o que é isso aqui na página 13? “Se, como diz o ditado, o melhor da festa é esperar por ela, na tortura o medo da dor é mais forte que a própria (...)” Uai? Será que já não li algo parecido por aí? Será que o Carlos Lopes está mesmo certo sobre o “simplismo descerebrado”?

Se eu achar mais algumas passagens com esse nível de coincidência entre os textos, penso que o Carlão poderá se gabar de ter sido a Dorsal vanguardista (termo que ele adora) também na arte do control C + control V. E eles eram tão pra frentex que faziam isso numa época em que computador pessoal era coisa de milhonários! Ou seja, provavelmente nosso herói nem possuia um. Mas gênio que é gênio não liga pra essas coisas, né não?

Mas nada de julgamentos precipitados meninos! Evidências! Queremos evidências!

Já estou na página 33 do "O que é Tortura?" E até agora nada! Realmente tudo não deve ter passado de um mal entendido. Sigamos adelante. O livro é pequeno; no entanto, mal começo a página 34 e não é que lá está escrito que “ainda que nem sempre seja fisicamente sexual para o torturado, toda tortura não passa de um ato sexual”?!?

Que coisa feia, Carlinhos!!! Seguindo a risca o ditado que quem não cola não sai da escola?

Parada para respirar. Beber uma água, fumar um cigarrinho.

Descansaram? Então, hora de partir. Embarquem todos: rumo à terceira estrofe.

3ª estrofe
Tormentum, ignis, famis, sitis
O carrasco espera, sorri, demora
A pele do lobo como a pele do cordeiro
E ninguém vence durante o tempo todo

Onde estávamos mesmo? Ah, sim! Lembrei. Página 34. Seguimos: 35, nada. 36, nada. 37, nada. 38, n... epa! Que é isso?!? Aí não!

Com a palavra o Duque Glauco Mattoso: “Os romanos empregavam o fogo (tormentum ignis), a fome (tormentum famis), a sede (tormentum sitis) (...)”

Aqui eu joguei o chapéu. Vou parar antes que eu acabe chegando à conclusão que a letra de Tortura, mais que um simplismo descerebrado, é uma redação ginasiana de escola de palafita.

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ACM (Rock Brigade) – E qual seria a solução nesse caso: nivelar por baixo?
Carlos Lopes – Não tem solução... A evolução foi muito rápida. Eu vivia em cinema de arte, eu li uns calhamaços, li todos os Machado de Assis, eu começava a ler livro em inglês, aquela loucura... E eu tocando hardcore. Então, comecei a ver que eu era um estranho no ninho.

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Carlão: baixa a bola, moleque! Vai por mim. Curto seu trabalho. Até mais ver.

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Mudando de assunto, que tal mais notícias do nosso amado Brazil?

E o Brazil continua nos orgulhando.

Em matéria publicada no dia 11/12/2008, sob o título de "PF acha material pornográfico em equipamentos da ABIN" do jornalista Fausto Macedo, ficamos sabendo que “‘Farta quantidade de arquivos de conteúdo pornográfico’ é o que os peritos da Polícia Federal encontraram entre os registros secretos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).” E que “Uma cópia está em poder do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Outra na mesa do general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual está afeta a Inteligência do Brasil.” Com os nomes sugestivos de "Boqueteira", "Ninfeta que você nunca viu" e "Jussara" (...) rotulados estratégicos” foram o “que os peritos identificaram na CPU HP DX5150 MT, patrimônio Abin 89408, lacrado sob número 012545.

Duvido que a Cia ou qualquer órgão de inteligência do mundo trabalhe com tanto afinco como os agentes na nossa gloriosa ABIN.

Emir de Carvalho

7 comentários:

Anônimo disse...

Carlos Lopes é mesmo um IDIOTA!!!
ABAIXO CARLOS LOPES!!!
VIVA PEPÊ E NENÉM!!!!!

Anônimo disse...

seu emi de carvalho por que você, um excelênte articulista, perde tempo chutando cachorro morto?

escreva sobre coisas mais relevantes, porra!

Anônimo disse...

A vida amorosa de Carlos Lopes


Uma súbita ardência no orifício ano-retal, provocada pela leitura do meu artigo “Cadeia para ele”, tocou fundo a alma e o ser inteiro do sr. Carlos Lopes, editor da “Hora do Povo”. Enternecido, dengoso, todo derretido, ele passou a me chamar carinhosamente de Olavinho e a gabar-se de que sou um colaborador secreto do seu jornal. Como diria aquela famosa dupla caipira: “É o amooooor!”


O. de C.

Richmond, VA, 6 set. 08

Anônimo disse...

Espero que aquela bicha-velha que me retrucou no último comentário, e que me chamou de lésbica, tenha em mente que todos sabem do caso dele com um eminente empresário da cidade de Barra do Piraí.
Cuidado! Pois toda essa história pode vir a parar na net, sua putinha. Estou sem paciência para aguentar os recalques de uma bicha velha.

Ué? Sou de Barra sim, e daí?

Satanic Girl

ps> descobri sua identidade por meio de uma amiga de ambas.

Anônimo disse...

Vai à merda!

Anônimo disse...

Coloca na net, vai!

Eric disse...

Porra. Todo mundo sabe que tortura não passa de um ato sexual, seu bando de viados.