terça-feira, 18 de novembro de 2008

MEU BRAZIL BRASILEIRO ou a estória da Dorsal Atlântica




Recentemente um amigo andou comentando comigo alguns fatos que ele considera descabidos. Seriam sinais da degradação da sociedade moderna ou coisa que o valha. Para tanto falou da política anti-tabagismo da Holanda, onde não se pode fumar em bares e restaurantes um cigarro desses que a Souza Cruz produz, mas pode-se meter fogo num baseadão à vontade. Desde que, obviamente, se trate de maconha, porque afinal tem que haver disciplina nesta porra!

Tentando me convencer das excentricidades legiferantes (ah, como é gostoso por pedra no caminho do leitor!) da “vanguardista” Holanda, ainda me enviou um link no qual continha uma reportagem sobre a construção de motel destinado aos deficientes físicos daquele país, bem como a reivindicação da Federação Nacional de Deficientes Físicos holandesa para que o estado reembolsasse o valor gasto pelos deficientes na contratação das profissionais do sexo. Uma espécie de “Bolsa Piço”.

Como eu, infelizmente, não tenho mais a idade dele (18 anos), já não me espanto mais com essas coisas. Fiquei quietinho pensando “nunca país algum conseguirá superar o nosso amado Brasil em matéria de extravagâncias”. Quando não são criadas leis absurdas a criatividade popular se encarrega de inscrever nossa marca originalíssima no mundo.

Lendo o jornal O Globo edição nº 27.494 de 18 de novembro de 2008, na página 14, seção RIO, no canto inferior direito, num trecho da reportagem com o título “PM encontra 500 Kg de maconha – Quadrilha da Favela do Jacarezinho também tinha fuzis e granadas”, podemos ler que “(...) No entanto, o que chamou atenção dos policiais foram duas máquinas de cartões de crédito. Estes equipamentos, segundo os policiais, podem estar sendo usados pelos traficantes para vender drogas a prazo.(...)”

Leiam de novo e me digam: algum país da galáxia (hoje vou falar ingal o Lula) oferece tamanha facilidade? Ficar doidão hoje e só pagar mês que vem? Duvido! A Holanda pode ficar puta nas calças, mas nunca na história da humanidade vai conseguir ser mais bisonha que a gente! Nóis é pobre, mas é foda!

E olha que nem vou comentar o fato de que somente as máquinas de cartão de crédito chamaram atenção dos policiais, porque senão seria covardia. Ou será que vocês conhecem outro país no universo (eta nóis!) no qual a polícia acha normal apreender droga, fuzil e granada?

Só aqui meus caros. Mais uma vez a Europa se curva diante de nós.

* * * * * * * *

E ainda temos um jeitinho todo especial de escrever nossa história.

Vejamos um exemplo pego ao acaso. Podia ser qualquer outro. Mas acabei ficando com esse por dois motivos:

1º. De medalhão todo mundo fala. Para ganhar alguma “respeitabilidade”, mesmo que seja entre pessoas que não mereçam nenhum respeito, é só falar mal de cara bem sucedido. Mesmo que seja infundada a crítica. A patuléia adora falar mal de gente que se dá bem.

2º. O caboclo em questão, de quem até curto uma coisa ou outra, fica posando de intelectual do rock (sei que é uma contradição em termos, mas fazer o quê?).

Pois vamos ao caso. Carlos Lopes escreveu um livro intitulado "Guerrilha! A história da Dorsal Atlântica" (editora beat press, 1999), modestamente apresentado pelo autor com estas humildes palavras: “depois deste livro, você nunca mais será o mesmo”, pois a “incompreendidaDorsal Atlântica é a “representante-mor de algo que se cogitou chamar idealismo”.

‘Tá certo, sei que ninguém leu. Mas talvez por isso mesmo é considerado um bom livro. Feita a fama, o cara deita na cama.

Como diz o Glauco Mattoso (de quem foi inteiramente chupada a letra de Tortura do LP Dividir e Conquistar) em terra de cego quem tem um olho é Camões.

A partir dessa semana, sempre que tiver saco vou apontar erros pontuais, distorções, adulterações ou interpretação equivocadas do autor para embelezar sua “história”. Todas as condutas tipicamente brasileiras. Não nos enganemos. Os erros dele são os nossos. Todos brasileiros somos assim.

No capítulo 8, página 43, Carlos Lopes escreve que “não existiam rodas de pogo no meio do metal nessa época, porque também não havia sido feito a outra conexão, muito importante para a Dorsal, que foi a colaboração com a banda punk carioca DESORDEIROS, que nos ‘levou’ para o subúrbio, para juntos, em 84, fazermos o primeiro show unindo as duas tribos no Brasil. O fato foi documentado pela socióloga Janice Caiafa em seu livro Movimento Punk na Cidade. O pessoal do metal agitava batendo as cabeças (outro exagero muito engraçado era quando alguns enfiavam a cabeça dentro das caixas do P.A.!) ou levantando os punhos, e os punks pogavam, mas somente em 86 houve a ‘unificação das tribos’ que teve no LP ANTES DO FIM o seu sustentáculo.”

Lendo esse trecho somos levados a acreditar que a Dorsal Atlântica, ou não seria melhor dizer Carlos Lopes foi o responsável pelo feito de unir as tribos punk & metal com seu pioneirismo, num show que agradou aos bangers e punks presentes show. Fusão essa, que dois anos depois, teria sua expressão musical registrada num LP da própria Dorsal.

Entre essas duas informações, malandramente, como quem não quer nada, o autor salpica lá que tudo isso foi registrado em livro por uma socióloga, que, pelo ofício, se presume ser alguém respeitável, ainda mais se publicado em livro.

Pois sendo a ênfase do texto no “fato histórico” e no “pioneirismo” da banda a menção ao livro só entra para dar maior credibilidade à “informação” apresentada. Mas se muito poucos leram Guerrilha!, quantos terão ido conferir no Movimento Punk na Cidade o que estava realmente “documentado pela socióloga”?

Bem, como eu havia lido o livro da Janice Caiafa (que é chatíssimo) bem antes do livro do Carlos Lopes ser escrito, achei que algo não batia bem naquilo lá e fui checar.

Para que não restem dúvidas, esclareço que a minha edição do Movimento Punk na Cidade é de 1985, primeira edição, Jorge Zahar Editor.

É no Capítulo XVIII – HEAVY METAL E HEADBANGER, que a autora descreve o show que uniu os punks e bangers desse modo “22 de setembro de 1984. Sábado. (...) Perto do palco agora, olho mais ainda tentando ver os punks. Punk nenhum.” (página 130). Depois de muito procurar “conto meticulosamente os punks, na sala que aprendi a conhecer na escuridão: são 12. E quanto aos heavys? Cem, provavelmente.” (página 131). Ou seja, a união entre bangers e punks que o Carlos Lopes nos conta ocorreu sem a participação dos punks. E nem se pode colocar em cheque a credibilidade da autora sobre o fato, já que é o próprio Carlos Lopes que a cita.

Especificamente sobre a aproximação dos punks e bangers, Janice Caiafa diz: “e não era uma proximidade o que estava acontecendo? Lá estavam juntas as bandas hard-core e as bandas heavy-metal, no mesmo show. Sendo que não havia nenhum equilíbrio: a platéia não era mais os punks, era completamente heavy-metal”. (página 134).

Por fim a autora, na página 135, depois de relatar que “o vocal da Dorsal Atlântica disse ao microfone nesse show: ‘Vamos nos unir todos, punks e heavys.’”, ironiza: “Que punks?” (página 135)

Assim é contada a saga da Dorsal Atlântica. Sem apego a verdade dos fatos, omitindo o que não interessa, citando obras de modo equivocado etc.

Do mesmo modo é escrita a “história” do Brasil.

Ah, e para terminar, gostaria de esclarecer que a “socióloga” na verdade é graduada em psicologia e pós-graduada em antropologia. Nem nisso ele acertou. Currículo Lattes da moça aqui.

Emir de Carvalho

P.S. Sei que se trata de um evento lateral na história, de importância nenhuma para a historiografia brasileira. Um livro marginal de um autor idem sobre uma banda igualmente desimportante.

Mas é que o livro acaba sendo uma síntese, num plano menor, de uma prática bem nossa que consiste mais ou menos no seguinte:

Elaboramos um projeto. Levamos a cabo. Mas se não obtemos amplo reconhecimento, logicamente não foi por falta de competência ou alguma deficiência ou falha nossa. Foi incapacidade dos outros de compreender a grandiosidade e genialidade do projeto. E justificamos nosso fracasso concluindo que não podia ser diferente, afinal todo gênio é incompreendido.

No livro do Joaquim FerreiraFeliz 1958, O Ano Que Não Devia Acabar” (ótimo por sinal) ele cita uma frase do Max Nunes que ilustra bem esse fato. Como não estou com o livro na mão, vai de memória: “Como dizem que todo gênio é incompreendido, no Brasil basta não ser compreendido para se achar um gênio”.

P.S.2 Até curto a Dorsal Atlântica de quem possuo alguns CDs. Só não posso concordar com essa genialidade que é atribuída ao Carlos Lopes, com plena concordância do próprio. Aí é demais!

8 comentários:

Anônimo disse...

leia e depois me fale seu merda!

http://whiplash.net/autores/carloslopes.html

bad vibe for you

Satanic Girl

Unknown disse...

Por que merda? Com uma assinatura dessa só podia mesmo ter o artifício de satanás: a covardia.

Unknown disse...

O que tem no site referido pelo senhor anônimo que diga o contrário do que disse Emir de Carvalho.

O bestinha satanic girl vai estudar, rebate Emir de Carvalho tendo em vista a matéria publicada, e não um site que não diz absolutamente nada acerca do que Emir escreveu.

Não encontrei nada no site que fizesse alguma referência ao escrito. Quem sabe um pedido de desculpas por Carlos Lopes por ter sido tão canalha, pois omitiu fatos que foram descobertos por Emir de Carvalho. O que não seria possível de ser achado pela idiota senhorita; já que, com certeza não leu o livro Guerrilha.

Gente igual a Carlos Lopes só consegue espaço por causa de gente burra igual a essa satanic girl.

Anônimo disse...

comentador vai pra putaquelhepariu que você nem leu o que eu coloquei no link http://whiplash.net/autores/carloslopes.html

que é um artigo inteligentíssimo do carlos lopes que esse tal de emir sadir de merda esta tentando denegrir.

sua bicha que defende outra bicha velha

cê não gosta de mulher não bichona?

Satanic Girl

Unknown disse...

De mulher eu gosto o que eu não gosto é de lésbica, tem cheiro de homem, jeito de homem, linguajar de homem, de homem burro, diga-se de passagem, etc. A falar a verdade com um nome desses vc com certeza pertence ao grupo das sapatonas. Ademais é impressionante sua capacidade de argumentar usando argumentos "ad homine".

kakakakakakakakakakakakakakakaka!

Pelathar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Monsenhor Emir,

Que história é essa de você dizer que a música "Tortura" foi chupada do Glauco Mattoso?

Explica direito ae Emir, que nessa até eu fiquei curioso.

Anônimo disse...

mEU! O que que é que você tá pensando? O carlos Lopes vem batalhando pelo metal nacional desdee os tempos do Lira Paulistana! O cara é pioneiro, porra! Você, por acaso, já leu o novo livro dele chamado "O Segredo J"?

Tu é um cuzão filhodaputa que paga pau pra gringo!

Pau no teu cu, desgraçado!

Yellowmanny